quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O pêndulo está oscilando?

Muito foi dito a respeito da importância do ensino da geometria, utilizando autores como Pavanello, Freitas e Pais, enfim vários pensadores com contribuições importantes que nos levaram a reflexões. Contudo sábado passado, ao ministrar um "aulão" para alguns alunos do colégio militar, preparei discussões que partiam de situações problemas nos quais necessitavam compreender o cálculo de área e perímetro e com isso equacionar o problema e resolvê-lo, mas ao notar a cara de espanto dos alunos, notei que nenhum deles sabiam calcular a área de um triângulo e muito menos de um retângulo, enfim o pêndulo na realidade daqueles alunos pende totalmente para a álgebra.
Que sentido tem a álgebra para estes alunos? Um monte de letra e manipulações algébricas apenas a título de conhecimento, a matemática pela matemática? Vejo na geometria um grande potencial para correlacionarmos a álgebra com definições geométricas, aplicações em figuras geométricas presentes em uma sala de aula.
Mas reflexões como estas assim como o planejamento de aulas que buscam essa significação dificilmente é feita, afinal demanda muito trabalho, pois a aula foge do "apenas fazer contas" e exige que o professor trabalhe a reflexão do aluno quanto as propriedades de cada figura geométrica, a análise das situações que podem ser obtidas ao mudar o ângulo de um polígono.
Em alguns colégios (particulares em grande maioria), a matemática é ensinada por dois professores, de modo que cada um assume uma das áreas (álgebra ou geometria), entretanto devemos nos atentar a essas divisões feitas, pois já me deparei com situações onde fui introduzir o conceito de equação, e alunos falarem "áh isso daí é aquela coisa que o professor de geometria falou, passar um prum lado e o outro pro outro", e também essa divisão não se tornar para o aluno uma total dicotomia entre os conceitos algébricos e geométricos.

Refletindo nestes elementos que citei, de uma experiência minha, vejo que o pêndulo pende de acordo com a formação que os professores receberam, ou não. O pêndulo deve oscilar, mas em nossa prática, de modo que a álgebra não se paute apenas na álgebra assim como a geometria não seja construída apenas a título de conceituação geométrica. Mas diante disso fica a questão, o que fazer para que se construa uma concepção de valorização de um ensino significativo?

Alguns dos pensamentos foram pautados em:

ZETETIKE – Cempem – FE – Unicamp – v. 14 – n. 25 – jan./jun. - 2006

Um comentário:

  1. Olá colegas!
    Ao refletir sobre o ensino de Matemática e particularmente às questões que concernem à Geometria, recordei-me de um texto de Anna Regina Lanner de Moura , “Medindo a sombra”, em que a autora relata o desenvolvimento da ciência a partir das relações estabelecidas entre o Homem e o espaço. Estabelecer um link entre as ideias propostas pela cientista em Educação e a práxis dos professores de Geometria permitiu somar à discussão as contribuições de LORENZATO.
    A necessidade de se estabelecer no espaço em que vive, talvez tenha levado o homem a intervir neste espaço no sentido de compreendê-lo e transformá-lo para melhor se acomodar. O advento do tijolo, por exemplo, representou a construção de uma “unidade de espaço” (LANNER). Como não oportunizar aos educandos esta noção primária de geometria?fazer uso de uma lousa (plana) para expor elementos concretos como uma unidade de espaço permite aos alunos “ver” de fato em três dimensões? Seria mais adequado, talvez, outro sentido como o tato para perceber a tridemensionalidade do espaço. O poderia desencadear o entendimento acerca dos sólidos geométricos, suas características e as relações métricas, deles derivadas.
    As aferições de sombras segundo a autora permitiram ao homem a percepção “de uma ordem externa” que lhe possibilitou além verificar as regularidades do tempo, por meio de construções literalmente geométricas – tangentes e bissetrizes – mensurá-lo. Remeto-me então à sala de aula questiono se não seria possível inspirar-se em situações similares para investigar, e talvez gerar mais significado a conceitos relativos à Geometria. Conteúdos como semelhança de triângulos, quase sempre ensinada por meio de definições, suposições e exemplos poderiam ser abordados à luz do sol? num evento que eleve o educando a uma situação de sujeito ativo na construção do conhecimento?
    Refletir sobre questões que permeiam a práxis pode, de certa forma, alargar as possibilidades da docência, desde que somada à boa vontade e autonomia dos professores de Matemática. Repetir experiências simples dos primeiros pensadores, ou ao menos narrar fatos geradores de conceitos geométricos, podem além de estimular a aprendizagem como dar ao ensino da Geometria uma maior dinamicidade e significancia.

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